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14/12/2009

Uruguay: las compras y la fatiga

INDIADA: sf (índio+ada) Grupo ou conjunto de índios. 2 Reg (Rio Grande do Sul) Grupo de gaúchos; gauchada. 3 Grupo de homens quaisquer. 4 Programa de índio, todo tipo de programa que não dá ou não dará certo, que será lotado, ou obrigará as pessoas a suportar muito calor ou outros tipos de desconforto.

***

A indiada:
Há dias vínhamos conversando sobre Rivera, e sobre a necessidade de comprar algumas coisinhas para o bebê e para a casa nova por lá... Mas ainda não tínhamos definido quando isso iria acontecer ;]
Ontem acordamos às 4h da manhã e após tirarmos par ou ímpar decidimos ir para o Uruguay . Assim mesmo, sem nenhuma preparação.
-*-
Como trabalhamos na segunda, não tínhamos como ficar mais de um dia. Ou seja, faríamos cerca de 770 km em um único dia.
Fomos por Santa Maria, a paisagem é linda, principalmente a ponte da cidade de Rosário.
Não levamos uma garrafa d’água sequer, nem uma bolachinha... Grandessíssimo engano, pois postos de gasolina são artigo de luxo por aquelas bandas, e chegamos a andar mais de duas horas sem um postinho sequer...
-*-
Eu levei o meu travesseiro da NASA (adoro!), que me salvou e muito, pois a uma certa altura eu já não agüentava de dor em tudo quanto era canto...
-*-
Vamos a saga dos banheiros (porque grávida que é grávida precisa de banheiro toda hora):
Desde que engravidei adotamos um novo esqueminha de viagem, paramos mais ou menos a cada uma hora e meia para que eu possa esticar as canetas :] e normalmente ir ao banheiro. O fato é que, como já disse banheiros não haviam... Cheguei a ir ao banheiro na polícia rodoviária :] , e adorei. O policial foi muito atencioso e o banheiro estava bem limpinho.
Ainda falando em banheiros! Gente, como é difícil as manobras equilibristas que a mulher precisa fazer para ir ao banheiro! Gestante então, pior ainda!
Fui em um banheiro que ficava em um restaurante abandonado em um posto quase fantasma (se não fosse por um moço de olhar estranho que ficava lá abastecendo os carros e cuidando de tudo sozinho). O lugar tinha até morcegos, não tinha portas, água e muito menos papel (por sorte a nojenta aqui sempre carrega lenços de papel e álcool gel, desde sempre).
Fiquei impressionada em como os banheiros ficavam piores a medida que o uruguay se aproximava, parecia um indicador de localização... Chegando lá pensei que as coisas fossem melhorar, mas me enganei mais uma vez. Nenhum free shop tem banheiro (ter eles tem, mas não emprestam), não vi banheiros públicos (ainda bem, odeio banheiro público). Então quando precisei tive que ir aos restaurantes e consumir alguma coisa para poder usar...
Só uma vez emprestaram o banheiro na loja, logicamente comovidos pela barriguda descabelada de pés inchados aqui... E ainda precisei desviar de milhões de caixas e cuidar a porta ajudada (ou vigiada?) por uma das funcionárias do lugar. Nessas horas dei graças a Deus pelo bebê ser guri, muito mais prático ever!
*-*
Já havíamos ido ao país antes, mas sempre íamos a Rio Branco, a Rivera foi a primeira vez. Eu tinha uma visão mais romântica do lugar, mas percebi que o negócio é consumo. Não é um passeio muito produtivo em termos de cultura (pelo pouco que vimos, lógico que deve ter muito mais, sei que fomos superficiais), é puro consumismo... Ainda mais nessa época do ano, em que tudo é voltado para o consumo mesmo.
Ao chegar lá percebemos que ao contrário de Rio Branco não existe aquela recepção (o pórtico lindão que tem lá dá bem a idéia de estarmos entrando em um outro país-foto ao lado). O que há é a Praça Internacional que divide os dois países em meios a trocentos mil camelôs :P Ou seja, nada romântico de novo. De um lado da praça está Livramento, do outro Rivera.
A cidade não é tão suja e poeirenta como Rio Branco, mas em compensação é tão movimentada e poluída visualmente quanto.
*-*
Tem muitas lojas, muitas mesmo, pena que não sabíamos que a maioria delas (fora os free shops maiores, como o Neutral e o Duty free) fechavam após o meio dia... :[ Mesmo assim deu para caminhar muito, comprar idem e sairmos exaustos de lá, e arrependidos de não termos ido em um sábado e pernoitado em um Hotel.
*-*
A rua principal é a Sarandi, que possui as lojas maiores e o maior movimento. As lojas de bebê estão nas ruas transversais e na paralela do lado direito de quem desce da praça. São muitas lojas, mas infelizmente só duas estavam abertas, e para variar só tinham coisas de menina. Os tip tops da única loja que tinha roupinhas de bebê não eram bonitos, não eram práticos e tinham o mesmo preço daqui, portanto não eram viáveis só por serem de marcas conhecidas como GAP, etc.
*-*
Agora lembrei de uma coisa: Passeio no Uruguay para compras precisa incluir perfumes importados, maquiagens, cremes, queijos, vinhos, alfajores e roupas de marca (em sua maioria esportivas). Eu particularmente fui só por causa dos meus amados Vizzio, como já havia falado por aqui. Infelizmente não achei em parte alguma, e quando já estávamos indo embora resolvemos passar no Neutral out let e enfim consegui alguns sachêss com 3 ou 4 bolinhas em cada um :[ Mas já serve para matar o desejo :]
*-*
No quesito alimentação é um problema, eu tenho receio de me entregar às Parriladas da vida e me arrepender depois, acho aquelas comidas deles muito fortes. O único restaurante do lado brasileiro que encontramos aberto às 14hs era caro, sujo, a comida era ruim e até a sobremesa era por quilo. Ou seja, comi pouco e mal, mas precisava, não podia deixar o meu piazinho passar fome :]
*-*
Mas tem uma coisa que preciso diser: Que povo educado, que gente amável... Sei que são acostumados a lidar com turistas, que não fazem mais que a obrigação, mas de Rosário até o Uruguay fomos surpreendidos por uma série de gentilezas, desde o moço que guardava os carros até as pessoas nas ruas, fiquei encantada!
*-*
Mais tarde eu posto fotos e descrições das compras e do carrinho...

Beijos!!!

12/11/2008

Feliz Aniversário Mãe


Hoje é o teu aniversário. 51 anos, eu acho. Há 15 não nos vemos, mas como já disse convivo contigo todos os dias. Não contigo propriamente, mas com esse modelo de mãe que idealizei de acordo com o que esperava que fosse. Por precaução, não deixei que ganhasse a perfeição que as pessoas dão geralmente a seus mortos, deixei que permanecessem os teus defeitos, nítidos em minha memória, pois quanto mais velha eu fico mais te admiro, mesmo sem entender o motivo de algumas coisas.
Interessante pensar que a velhice não vai chegar pra ti, fico imaginando quando eu atingir os 35, se é que isso vai acontecer, em como será ter uma mãe mais jovem do que eu.
Quando ainda era viva, eu era a primeira pessoa a lembrar de teu aniversário. No último ano, esqueci. Lembro que a Sra deixou escapar que ninguém havia lembrado. A essa altura o câncer já estava lá, já recebias alguns tratamentos, e não ter sido lembrada em vida deve ter doído muito. Sinto culpa por não ter lembrado, e imagino de antes de ir tenhas pensado que seria esquecida. Talvez seja por isso, por este sentimento de culpa, que não me permito esquecê-la . Como já disse, não há um único dia em que não me lembre de ti, não há um único dia em que não pense se vou ir embora assim como a Sra, tão jovem. Todos os anos, o dia da tua morte é um dia de luto. O dia do teu aniversário é um dia de luto. Mas a cada ano, o luto de manifesta de forma diferente, ora em dor, ora em otimismo, ora em vontade de mudar. Este ano as lágrimas estão a postos. Não quero mais chorar, mas é impossível contê-las. Por ti, por mim. Morremos juntas, o que eu teria sido contigo e o que terias sido para mim.
Choro, mas faço um esforço para me convencer de que foi melhor, exercito meu otimismo, e sigo em frente. Ansiosa para passar dos 36 e acabar com essa sensação imbecil de continuidade, com medo de chegar até lá.
Não esqueci de ti. Nunca vou esquecer, mesmo sabendo que nunca mais é muito tempo. Feliz Aniversário Meisy.
Com amor, 
Mitsu

08/10/2008

15 anos sem ti.

Por esses dias sempre fico enjoada, mais nostálgica do que de costume, não que sinta mais ou menos a tua falta, a saudade já é estável. Já estou na fase em que tento comparar a minha vida à tua e penso no que gostarias de ver em mim.
(imagem daqui)
Hoje faz 15 anos. Como diz o JR, já passei mais tempo sem Mãe do que com Mãe. Mesmo assim, ainda penso e falo em ti todos os dias.
Mesmo só tendo vivido os primeiros 13 anos da minha vida ao teu lado, todos os dias lembro de algo novo, como se houvesse uma gaveta especial de memórias que libera uma pequena lembrança, como uma surpresa, todos os dias, evitando que eu te esqueça (se é que isso poderia ser possível).
Às vezes me pego pensando no que tu gostavas, no tanto de rímel que sempre usava, em como gostava de perfumes e em como tuas mãos eram ásperas de tanto trabalhar.
Imagino o quanto somos diferentes e parecidas, e que minhas referências podem ser distorcidas, pois não tive chance de vê-la como a mulher que sou hoje.
Lembro de ti cantarolando músicas do Roberto Carlos pela casa, e da graça que eu achava disso. Penso que era mais espontânea do que eu, e mais sociável também. E que talvez eu não fosse tão recalcada se tivesse convivido mais contigo.
Lembro também que era mais vaidosa do que eu, que sempre chamava minha atenção para que me cuidasse mais, e que talvez eu estivesse mais ajeitadinha (ou menos baranga) se tu estivesse viva. :P

Enfim,

Eu não teria ido embora, ou tu virias junto comigo?
Eu não teria ido morar junto com o namorado aos 19 anos, ou teria casado na igreja?
Eu não teria cortado os cabelos, ou os teria vermelhos?
Eu não teria parado de escrever, ou nem teria um blog para me entreter?
Eu não teria começado a fumar, ou fumaríamos juntas, nas sacadas, de papo para o ar?
Comeria mais frutas, teria feito arquitetura, ou estaria trabalhando como caixa de supermercado e cheia de filhos para criar?

Sei lá, acho que eu não teria sofrido tanto, mas me consola pensar que jamais seria a pessoa que sou hoje (como se estivesse tão bem assim comigo mesma).

Bem Meisi, eu sei que você tem muitos motivos para se preocupar comigo, mas eu estou bem. Recomeçando a cada dia, com medo de não acabar como você, que foi embora no auge, e deixou aqui pessoas que sentirão a sua falta para sempre.
Te amo muito, e ainda choro por ti. Não sei se existe um Deus, reencarnação, carma, e essas coisas todas. Mas gosto de pensar que esta será uma boa conversa para termos quando nos encontrarmos novamente.

Com amor,
Mitsu

07/10/2008

Da série: Traumas reincidentes- Bia, a dançarina

Em 1988, eu estava na 4ª série e tinha 8 anos. Lembro que ensaiei durante duas semanas para participar de uma apresentação para o dia das mães, na qual dançaríamos com bambolês ao som de borbulhas de amor, do Fagner.




Depois de tanto ensaiar em casa e na escola, depois de já ter gravado em fita a música para não esquecer e já ter decorado todos os passinhos e todos os acordes, depois de já ter enjoado de ouvir a voz fanhosa do Fagner dia após dia, eis que a professora Jovita (siiim... esse era o nome dela) me chama no canto ao final do ensaio para me dizer -a seco- que eu não poderia participar, pois não tinha coordenação motora.




Tudo bem que eu não devia ter mesmo, pois sempre fui a mais alta da classe, mesmo sendo a mais nova, e aos oito já calçava 36, mas até hoje penso o que poderia acontecer se eu não me saísse bem. Seria ridicularizada por um ou dois meses? Será que eu teria percebido? Aposto que pelo menos a minha mãe teria gostado, e talvez isso para mim fosse o suficiente.




Enfim, a professora Jovita falhou feio, e nem deve se lembrar disso.
O fato é que desde então nunca mais dancei. Travei geral. Fugi na hora da tal valsa dos quinze anos, e evito até hoje qualquer exposição deste tipo. Na faculdade tínhamos educação física como cadeira obrigatória, tentei aproveitar para fazer aula de tango, compareci às aulas por um semestre inteiro, me esforcei para dançar, mas não rolou.




Não gosto de música agitada, não vou a bailes ou a qualquer lugar em que dançar seja requisito.




Assisto aos programas de dança, e até mesmo a esportes como patinação, ginástica olímpica, com o mesmo espanto e entusiasmo com que assisto à um número de contorcionismo ou malabares.




Talvez essa seja uma história como aquelas que li no livro do Mitch Album- As cinco pessoas que você encontra no céu-, e que quando morrermos (eu e a professora Jovita) teremos uma conversa no céu em que tiraremos alguma conclusão a esse respeito.
O que me resta, neste momento, é saber que definitivamente não tenho coordenação motora.
Humpf.

14/08/2008

Coluna Patrícia Antoniete

Patrícia se superou. Há bastante tempo não lia um texto que me tocasse tanto e tão fundo.

07/08/2008

Certeza

Estava aqui, na minha visita diária, e passei por aqui, onde li uma coisa que mexeu comigo: "Nada é mais frustrante do que abrir mão de um desejo ou não lutar por ele. Nada."(Ticcia)

Sabe, eu já devo ter comentado que a Mãe foi embora quando eu tinha 13. Entre tantas lembranças, duas mexem mesmo comigo: que ela chorava escondida toda virada de ano, e que sempre reclamava da mania que as pessoas têm de dizer, entre suspiros: "eu era feliz e não sabia", ou "e se eu tivesse...", como se nunca se dessem por satisfeitas com suas escolhas.

No aniversário de quinze anos, junto com o meu primeiro cd (do Paul Mccartney- mas isso é assunto para outra hora) ganhei um cartão, que marcou muito a minha vida. Quem deu o cartão foi um amigo de meu pai que acabou enlouquecendo anos depois.
No cartão, entre outras coisas, dizia: "... quando estiver frente à uma decisão, tome-a tão sabiamento quanto puder, e depois esqueça-a. O momento de certeza absoluta nunca chega".
Isso mexeu tanto comigo, que mesmo 13 anos depois lembro desta frase cada vez que me deparo com uma decisão importante.

Mesmo com essas lembranças todas mantenho essa horrível mania de lembrar do que tive como se fosse melhor do que eu tenho agora, ou pior: sempre cogito de tomei a melhor decisão e penso em como seria se tivesse ido por outro caminho, ou dito outra coisa.

Nesse momento, em que estou em mais uma fase de transição que sei que será para melhor, por vezes tenho que tomar um fôlego e pensar que o momento de certeza absoluta nunca chega, e que tenho que ser feliz agora, e saber agora.

Pois é, fazer o quê, saudade deveria ser meu segundo nome. Gosto de lembrar do passado, guardo tralhas e mais tralhas que não uso, só para sentir o cheiro da poeira de vez em quando e lembrar de um tempo que já passou e em que fui tão feliz.

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Uruguay: las compras y la fatiga

INDIADA: sf (índio+ada) Grupo ou conjunto de índios. 2 Reg (Rio Grande do Sul) Grupo de gaúchos; gauchada. 3 Grupo de homens quaisquer. 4 Programa de índio, todo tipo de programa que não dá ou não dará certo, que será lotado, ou obrigará as pessoas a suportar muito calor ou outros tipos de desconforto.

***

A indiada:
Há dias vínhamos conversando sobre Rivera, e sobre a necessidade de comprar algumas coisinhas para o bebê e para a casa nova por lá... Mas ainda não tínhamos definido quando isso iria acontecer ;]
Ontem acordamos às 4h da manhã e após tirarmos par ou ímpar decidimos ir para o Uruguay . Assim mesmo, sem nenhuma preparação.
-*-
Como trabalhamos na segunda, não tínhamos como ficar mais de um dia. Ou seja, faríamos cerca de 770 km em um único dia.
Fomos por Santa Maria, a paisagem é linda, principalmente a ponte da cidade de Rosário.
Não levamos uma garrafa d’água sequer, nem uma bolachinha... Grandessíssimo engano, pois postos de gasolina são artigo de luxo por aquelas bandas, e chegamos a andar mais de duas horas sem um postinho sequer...
-*-
Eu levei o meu travesseiro da NASA (adoro!), que me salvou e muito, pois a uma certa altura eu já não agüentava de dor em tudo quanto era canto...
-*-
Vamos a saga dos banheiros (porque grávida que é grávida precisa de banheiro toda hora):
Desde que engravidei adotamos um novo esqueminha de viagem, paramos mais ou menos a cada uma hora e meia para que eu possa esticar as canetas :] e normalmente ir ao banheiro. O fato é que, como já disse banheiros não haviam... Cheguei a ir ao banheiro na polícia rodoviária :] , e adorei. O policial foi muito atencioso e o banheiro estava bem limpinho.
Ainda falando em banheiros! Gente, como é difícil as manobras equilibristas que a mulher precisa fazer para ir ao banheiro! Gestante então, pior ainda!
Fui em um banheiro que ficava em um restaurante abandonado em um posto quase fantasma (se não fosse por um moço de olhar estranho que ficava lá abastecendo os carros e cuidando de tudo sozinho). O lugar tinha até morcegos, não tinha portas, água e muito menos papel (por sorte a nojenta aqui sempre carrega lenços de papel e álcool gel, desde sempre).
Fiquei impressionada em como os banheiros ficavam piores a medida que o uruguay se aproximava, parecia um indicador de localização... Chegando lá pensei que as coisas fossem melhorar, mas me enganei mais uma vez. Nenhum free shop tem banheiro (ter eles tem, mas não emprestam), não vi banheiros públicos (ainda bem, odeio banheiro público). Então quando precisei tive que ir aos restaurantes e consumir alguma coisa para poder usar...
Só uma vez emprestaram o banheiro na loja, logicamente comovidos pela barriguda descabelada de pés inchados aqui... E ainda precisei desviar de milhões de caixas e cuidar a porta ajudada (ou vigiada?) por uma das funcionárias do lugar. Nessas horas dei graças a Deus pelo bebê ser guri, muito mais prático ever!
*-*
Já havíamos ido ao país antes, mas sempre íamos a Rio Branco, a Rivera foi a primeira vez. Eu tinha uma visão mais romântica do lugar, mas percebi que o negócio é consumo. Não é um passeio muito produtivo em termos de cultura (pelo pouco que vimos, lógico que deve ter muito mais, sei que fomos superficiais), é puro consumismo... Ainda mais nessa época do ano, em que tudo é voltado para o consumo mesmo.
Ao chegar lá percebemos que ao contrário de Rio Branco não existe aquela recepção (o pórtico lindão que tem lá dá bem a idéia de estarmos entrando em um outro país-foto ao lado). O que há é a Praça Internacional que divide os dois países em meios a trocentos mil camelôs :P Ou seja, nada romântico de novo. De um lado da praça está Livramento, do outro Rivera.
A cidade não é tão suja e poeirenta como Rio Branco, mas em compensação é tão movimentada e poluída visualmente quanto.
*-*
Tem muitas lojas, muitas mesmo, pena que não sabíamos que a maioria delas (fora os free shops maiores, como o Neutral e o Duty free) fechavam após o meio dia... :[ Mesmo assim deu para caminhar muito, comprar idem e sairmos exaustos de lá, e arrependidos de não termos ido em um sábado e pernoitado em um Hotel.
*-*
A rua principal é a Sarandi, que possui as lojas maiores e o maior movimento. As lojas de bebê estão nas ruas transversais e na paralela do lado direito de quem desce da praça. São muitas lojas, mas infelizmente só duas estavam abertas, e para variar só tinham coisas de menina. Os tip tops da única loja que tinha roupinhas de bebê não eram bonitos, não eram práticos e tinham o mesmo preço daqui, portanto não eram viáveis só por serem de marcas conhecidas como GAP, etc.
*-*
Agora lembrei de uma coisa: Passeio no Uruguay para compras precisa incluir perfumes importados, maquiagens, cremes, queijos, vinhos, alfajores e roupas de marca (em sua maioria esportivas). Eu particularmente fui só por causa dos meus amados Vizzio, como já havia falado por aqui. Infelizmente não achei em parte alguma, e quando já estávamos indo embora resolvemos passar no Neutral out let e enfim consegui alguns sachêss com 3 ou 4 bolinhas em cada um :[ Mas já serve para matar o desejo :]
*-*
No quesito alimentação é um problema, eu tenho receio de me entregar às Parriladas da vida e me arrepender depois, acho aquelas comidas deles muito fortes. O único restaurante do lado brasileiro que encontramos aberto às 14hs era caro, sujo, a comida era ruim e até a sobremesa era por quilo. Ou seja, comi pouco e mal, mas precisava, não podia deixar o meu piazinho passar fome :]
*-*
Mas tem uma coisa que preciso diser: Que povo educado, que gente amável... Sei que são acostumados a lidar com turistas, que não fazem mais que a obrigação, mas de Rosário até o Uruguay fomos surpreendidos por uma série de gentilezas, desde o moço que guardava os carros até as pessoas nas ruas, fiquei encantada!
*-*
Mais tarde eu posto fotos e descrições das compras e do carrinho...

Beijos!!!

Feliz Aniversário Mãe


Hoje é o teu aniversário. 51 anos, eu acho. Há 15 não nos vemos, mas como já disse convivo contigo todos os dias. Não contigo propriamente, mas com esse modelo de mãe que idealizei de acordo com o que esperava que fosse. Por precaução, não deixei que ganhasse a perfeição que as pessoas dão geralmente a seus mortos, deixei que permanecessem os teus defeitos, nítidos em minha memória, pois quanto mais velha eu fico mais te admiro, mesmo sem entender o motivo de algumas coisas.
Interessante pensar que a velhice não vai chegar pra ti, fico imaginando quando eu atingir os 35, se é que isso vai acontecer, em como será ter uma mãe mais jovem do que eu.
Quando ainda era viva, eu era a primeira pessoa a lembrar de teu aniversário. No último ano, esqueci. Lembro que a Sra deixou escapar que ninguém havia lembrado. A essa altura o câncer já estava lá, já recebias alguns tratamentos, e não ter sido lembrada em vida deve ter doído muito. Sinto culpa por não ter lembrado, e imagino de antes de ir tenhas pensado que seria esquecida. Talvez seja por isso, por este sentimento de culpa, que não me permito esquecê-la . Como já disse, não há um único dia em que não me lembre de ti, não há um único dia em que não pense se vou ir embora assim como a Sra, tão jovem. Todos os anos, o dia da tua morte é um dia de luto. O dia do teu aniversário é um dia de luto. Mas a cada ano, o luto de manifesta de forma diferente, ora em dor, ora em otimismo, ora em vontade de mudar. Este ano as lágrimas estão a postos. Não quero mais chorar, mas é impossível contê-las. Por ti, por mim. Morremos juntas, o que eu teria sido contigo e o que terias sido para mim.
Choro, mas faço um esforço para me convencer de que foi melhor, exercito meu otimismo, e sigo em frente. Ansiosa para passar dos 36 e acabar com essa sensação imbecil de continuidade, com medo de chegar até lá.
Não esqueci de ti. Nunca vou esquecer, mesmo sabendo que nunca mais é muito tempo. Feliz Aniversário Meisy.
Com amor, 
Mitsu

15 anos sem ti.

Por esses dias sempre fico enjoada, mais nostálgica do que de costume, não que sinta mais ou menos a tua falta, a saudade já é estável. Já estou na fase em que tento comparar a minha vida à tua e penso no que gostarias de ver em mim.
(imagem daqui)
Hoje faz 15 anos. Como diz o JR, já passei mais tempo sem Mãe do que com Mãe. Mesmo assim, ainda penso e falo em ti todos os dias.
Mesmo só tendo vivido os primeiros 13 anos da minha vida ao teu lado, todos os dias lembro de algo novo, como se houvesse uma gaveta especial de memórias que libera uma pequena lembrança, como uma surpresa, todos os dias, evitando que eu te esqueça (se é que isso poderia ser possível).
Às vezes me pego pensando no que tu gostavas, no tanto de rímel que sempre usava, em como gostava de perfumes e em como tuas mãos eram ásperas de tanto trabalhar.
Imagino o quanto somos diferentes e parecidas, e que minhas referências podem ser distorcidas, pois não tive chance de vê-la como a mulher que sou hoje.
Lembro de ti cantarolando músicas do Roberto Carlos pela casa, e da graça que eu achava disso. Penso que era mais espontânea do que eu, e mais sociável também. E que talvez eu não fosse tão recalcada se tivesse convivido mais contigo.
Lembro também que era mais vaidosa do que eu, que sempre chamava minha atenção para que me cuidasse mais, e que talvez eu estivesse mais ajeitadinha (ou menos baranga) se tu estivesse viva. :P

Enfim,

Eu não teria ido embora, ou tu virias junto comigo?
Eu não teria ido morar junto com o namorado aos 19 anos, ou teria casado na igreja?
Eu não teria cortado os cabelos, ou os teria vermelhos?
Eu não teria parado de escrever, ou nem teria um blog para me entreter?
Eu não teria começado a fumar, ou fumaríamos juntas, nas sacadas, de papo para o ar?
Comeria mais frutas, teria feito arquitetura, ou estaria trabalhando como caixa de supermercado e cheia de filhos para criar?

Sei lá, acho que eu não teria sofrido tanto, mas me consola pensar que jamais seria a pessoa que sou hoje (como se estivesse tão bem assim comigo mesma).

Bem Meisi, eu sei que você tem muitos motivos para se preocupar comigo, mas eu estou bem. Recomeçando a cada dia, com medo de não acabar como você, que foi embora no auge, e deixou aqui pessoas que sentirão a sua falta para sempre.
Te amo muito, e ainda choro por ti. Não sei se existe um Deus, reencarnação, carma, e essas coisas todas. Mas gosto de pensar que esta será uma boa conversa para termos quando nos encontrarmos novamente.

Com amor,
Mitsu

Da série: Traumas reincidentes- Bia, a dançarina

Em 1988, eu estava na 4ª série e tinha 8 anos. Lembro que ensaiei durante duas semanas para participar de uma apresentação para o dia das mães, na qual dançaríamos com bambolês ao som de borbulhas de amor, do Fagner.




Depois de tanto ensaiar em casa e na escola, depois de já ter gravado em fita a música para não esquecer e já ter decorado todos os passinhos e todos os acordes, depois de já ter enjoado de ouvir a voz fanhosa do Fagner dia após dia, eis que a professora Jovita (siiim... esse era o nome dela) me chama no canto ao final do ensaio para me dizer -a seco- que eu não poderia participar, pois não tinha coordenação motora.




Tudo bem que eu não devia ter mesmo, pois sempre fui a mais alta da classe, mesmo sendo a mais nova, e aos oito já calçava 36, mas até hoje penso o que poderia acontecer se eu não me saísse bem. Seria ridicularizada por um ou dois meses? Será que eu teria percebido? Aposto que pelo menos a minha mãe teria gostado, e talvez isso para mim fosse o suficiente.




Enfim, a professora Jovita falhou feio, e nem deve se lembrar disso.
O fato é que desde então nunca mais dancei. Travei geral. Fugi na hora da tal valsa dos quinze anos, e evito até hoje qualquer exposição deste tipo. Na faculdade tínhamos educação física como cadeira obrigatória, tentei aproveitar para fazer aula de tango, compareci às aulas por um semestre inteiro, me esforcei para dançar, mas não rolou.




Não gosto de música agitada, não vou a bailes ou a qualquer lugar em que dançar seja requisito.




Assisto aos programas de dança, e até mesmo a esportes como patinação, ginástica olímpica, com o mesmo espanto e entusiasmo com que assisto à um número de contorcionismo ou malabares.




Talvez essa seja uma história como aquelas que li no livro do Mitch Album- As cinco pessoas que você encontra no céu-, e que quando morrermos (eu e a professora Jovita) teremos uma conversa no céu em que tiraremos alguma conclusão a esse respeito.
O que me resta, neste momento, é saber que definitivamente não tenho coordenação motora.
Humpf.

Coluna Patrícia Antoniete

Patrícia se superou. Há bastante tempo não lia um texto que me tocasse tanto e tão fundo.

Certeza

Estava aqui, na minha visita diária, e passei por aqui, onde li uma coisa que mexeu comigo: "Nada é mais frustrante do que abrir mão de um desejo ou não lutar por ele. Nada."(Ticcia)

Sabe, eu já devo ter comentado que a Mãe foi embora quando eu tinha 13. Entre tantas lembranças, duas mexem mesmo comigo: que ela chorava escondida toda virada de ano, e que sempre reclamava da mania que as pessoas têm de dizer, entre suspiros: "eu era feliz e não sabia", ou "e se eu tivesse...", como se nunca se dessem por satisfeitas com suas escolhas.

No aniversário de quinze anos, junto com o meu primeiro cd (do Paul Mccartney- mas isso é assunto para outra hora) ganhei um cartão, que marcou muito a minha vida. Quem deu o cartão foi um amigo de meu pai que acabou enlouquecendo anos depois.
No cartão, entre outras coisas, dizia: "... quando estiver frente à uma decisão, tome-a tão sabiamento quanto puder, e depois esqueça-a. O momento de certeza absoluta nunca chega".
Isso mexeu tanto comigo, que mesmo 13 anos depois lembro desta frase cada vez que me deparo com uma decisão importante.

Mesmo com essas lembranças todas mantenho essa horrível mania de lembrar do que tive como se fosse melhor do que eu tenho agora, ou pior: sempre cogito de tomei a melhor decisão e penso em como seria se tivesse ido por outro caminho, ou dito outra coisa.

Nesse momento, em que estou em mais uma fase de transição que sei que será para melhor, por vezes tenho que tomar um fôlego e pensar que o momento de certeza absoluta nunca chega, e que tenho que ser feliz agora, e saber agora.

Pois é, fazer o quê, saudade deveria ser meu segundo nome. Gosto de lembrar do passado, guardo tralhas e mais tralhas que não uso, só para sentir o cheiro da poeira de vez em quando e lembrar de um tempo que já passou e em que fui tão feliz.