12/11/2008

Feliz Aniversário Mãe


Hoje é o teu aniversário. 51 anos, eu acho. Há 15 não nos vemos, mas como já disse convivo contigo todos os dias. Não contigo propriamente, mas com esse modelo de mãe que idealizei de acordo com o que esperava que fosse. Por precaução, não deixei que ganhasse a perfeição que as pessoas dão geralmente a seus mortos, deixei que permanecessem os teus defeitos, nítidos em minha memória, pois quanto mais velha eu fico mais te admiro, mesmo sem entender o motivo de algumas coisas.
Interessante pensar que a velhice não vai chegar pra ti, fico imaginando quando eu atingir os 35, se é que isso vai acontecer, em como será ter uma mãe mais jovem do que eu.
Quando ainda era viva, eu era a primeira pessoa a lembrar de teu aniversário. No último ano, esqueci. Lembro que a Sra deixou escapar que ninguém havia lembrado. A essa altura o câncer já estava lá, já recebias alguns tratamentos, e não ter sido lembrada em vida deve ter doído muito. Sinto culpa por não ter lembrado, e imagino de antes de ir tenhas pensado que seria esquecida. Talvez seja por isso, por este sentimento de culpa, que não me permito esquecê-la . Como já disse, não há um único dia em que não me lembre de ti, não há um único dia em que não pense se vou ir embora assim como a Sra, tão jovem. Todos os anos, o dia da tua morte é um dia de luto. O dia do teu aniversário é um dia de luto. Mas a cada ano, o luto de manifesta de forma diferente, ora em dor, ora em otimismo, ora em vontade de mudar. Este ano as lágrimas estão a postos. Não quero mais chorar, mas é impossível contê-las. Por ti, por mim. Morremos juntas, o que eu teria sido contigo e o que terias sido para mim.
Choro, mas faço um esforço para me convencer de que foi melhor, exercito meu otimismo, e sigo em frente. Ansiosa para passar dos 36 e acabar com essa sensação imbecil de continuidade, com medo de chegar até lá.
Não esqueci de ti. Nunca vou esquecer, mesmo sabendo que nunca mais é muito tempo. Feliz Aniversário Meisy.
Com amor, 
Mitsu

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Feliz Aniversário Mãe


Hoje é o teu aniversário. 51 anos, eu acho. Há 15 não nos vemos, mas como já disse convivo contigo todos os dias. Não contigo propriamente, mas com esse modelo de mãe que idealizei de acordo com o que esperava que fosse. Por precaução, não deixei que ganhasse a perfeição que as pessoas dão geralmente a seus mortos, deixei que permanecessem os teus defeitos, nítidos em minha memória, pois quanto mais velha eu fico mais te admiro, mesmo sem entender o motivo de algumas coisas.
Interessante pensar que a velhice não vai chegar pra ti, fico imaginando quando eu atingir os 35, se é que isso vai acontecer, em como será ter uma mãe mais jovem do que eu.
Quando ainda era viva, eu era a primeira pessoa a lembrar de teu aniversário. No último ano, esqueci. Lembro que a Sra deixou escapar que ninguém havia lembrado. A essa altura o câncer já estava lá, já recebias alguns tratamentos, e não ter sido lembrada em vida deve ter doído muito. Sinto culpa por não ter lembrado, e imagino de antes de ir tenhas pensado que seria esquecida. Talvez seja por isso, por este sentimento de culpa, que não me permito esquecê-la . Como já disse, não há um único dia em que não me lembre de ti, não há um único dia em que não pense se vou ir embora assim como a Sra, tão jovem. Todos os anos, o dia da tua morte é um dia de luto. O dia do teu aniversário é um dia de luto. Mas a cada ano, o luto de manifesta de forma diferente, ora em dor, ora em otimismo, ora em vontade de mudar. Este ano as lágrimas estão a postos. Não quero mais chorar, mas é impossível contê-las. Por ti, por mim. Morremos juntas, o que eu teria sido contigo e o que terias sido para mim.
Choro, mas faço um esforço para me convencer de que foi melhor, exercito meu otimismo, e sigo em frente. Ansiosa para passar dos 36 e acabar com essa sensação imbecil de continuidade, com medo de chegar até lá.
Não esqueci de ti. Nunca vou esquecer, mesmo sabendo que nunca mais é muito tempo. Feliz Aniversário Meisy.
Com amor, 
Mitsu