07/10/2008

Da série: Traumas reincidentes- Bia, a dançarina

Em 1988, eu estava na 4ª série e tinha 8 anos. Lembro que ensaiei durante duas semanas para participar de uma apresentação para o dia das mães, na qual dançaríamos com bambolês ao som de borbulhas de amor, do Fagner.




Depois de tanto ensaiar em casa e na escola, depois de já ter gravado em fita a música para não esquecer e já ter decorado todos os passinhos e todos os acordes, depois de já ter enjoado de ouvir a voz fanhosa do Fagner dia após dia, eis que a professora Jovita (siiim... esse era o nome dela) me chama no canto ao final do ensaio para me dizer -a seco- que eu não poderia participar, pois não tinha coordenação motora.




Tudo bem que eu não devia ter mesmo, pois sempre fui a mais alta da classe, mesmo sendo a mais nova, e aos oito já calçava 36, mas até hoje penso o que poderia acontecer se eu não me saísse bem. Seria ridicularizada por um ou dois meses? Será que eu teria percebido? Aposto que pelo menos a minha mãe teria gostado, e talvez isso para mim fosse o suficiente.




Enfim, a professora Jovita falhou feio, e nem deve se lembrar disso.
O fato é que desde então nunca mais dancei. Travei geral. Fugi na hora da tal valsa dos quinze anos, e evito até hoje qualquer exposição deste tipo. Na faculdade tínhamos educação física como cadeira obrigatória, tentei aproveitar para fazer aula de tango, compareci às aulas por um semestre inteiro, me esforcei para dançar, mas não rolou.




Não gosto de música agitada, não vou a bailes ou a qualquer lugar em que dançar seja requisito.




Assisto aos programas de dança, e até mesmo a esportes como patinação, ginástica olímpica, com o mesmo espanto e entusiasmo com que assisto à um número de contorcionismo ou malabares.




Talvez essa seja uma história como aquelas que li no livro do Mitch Album- As cinco pessoas que você encontra no céu-, e que quando morrermos (eu e a professora Jovita) teremos uma conversa no céu em que tiraremos alguma conclusão a esse respeito.
O que me resta, neste momento, é saber que definitivamente não tenho coordenação motora.
Humpf.

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Da série: Traumas reincidentes- Bia, a dançarina

Em 1988, eu estava na 4ª série e tinha 8 anos. Lembro que ensaiei durante duas semanas para participar de uma apresentação para o dia das mães, na qual dançaríamos com bambolês ao som de borbulhas de amor, do Fagner.




Depois de tanto ensaiar em casa e na escola, depois de já ter gravado em fita a música para não esquecer e já ter decorado todos os passinhos e todos os acordes, depois de já ter enjoado de ouvir a voz fanhosa do Fagner dia após dia, eis que a professora Jovita (siiim... esse era o nome dela) me chama no canto ao final do ensaio para me dizer -a seco- que eu não poderia participar, pois não tinha coordenação motora.




Tudo bem que eu não devia ter mesmo, pois sempre fui a mais alta da classe, mesmo sendo a mais nova, e aos oito já calçava 36, mas até hoje penso o que poderia acontecer se eu não me saísse bem. Seria ridicularizada por um ou dois meses? Será que eu teria percebido? Aposto que pelo menos a minha mãe teria gostado, e talvez isso para mim fosse o suficiente.




Enfim, a professora Jovita falhou feio, e nem deve se lembrar disso.
O fato é que desde então nunca mais dancei. Travei geral. Fugi na hora da tal valsa dos quinze anos, e evito até hoje qualquer exposição deste tipo. Na faculdade tínhamos educação física como cadeira obrigatória, tentei aproveitar para fazer aula de tango, compareci às aulas por um semestre inteiro, me esforcei para dançar, mas não rolou.




Não gosto de música agitada, não vou a bailes ou a qualquer lugar em que dançar seja requisito.




Assisto aos programas de dança, e até mesmo a esportes como patinação, ginástica olímpica, com o mesmo espanto e entusiasmo com que assisto à um número de contorcionismo ou malabares.




Talvez essa seja uma história como aquelas que li no livro do Mitch Album- As cinco pessoas que você encontra no céu-, e que quando morrermos (eu e a professora Jovita) teremos uma conversa no céu em que tiraremos alguma conclusão a esse respeito.
O que me resta, neste momento, é saber que definitivamente não tenho coordenação motora.
Humpf.