08/10/2008

15 anos sem ti.

Por esses dias sempre fico enjoada, mais nostálgica do que de costume, não que sinta mais ou menos a tua falta, a saudade já é estável. Já estou na fase em que tento comparar a minha vida à tua e penso no que gostarias de ver em mim.
(imagem daqui)
Hoje faz 15 anos. Como diz o JR, já passei mais tempo sem Mãe do que com Mãe. Mesmo assim, ainda penso e falo em ti todos os dias.
Mesmo só tendo vivido os primeiros 13 anos da minha vida ao teu lado, todos os dias lembro de algo novo, como se houvesse uma gaveta especial de memórias que libera uma pequena lembrança, como uma surpresa, todos os dias, evitando que eu te esqueça (se é que isso poderia ser possível).
Às vezes me pego pensando no que tu gostavas, no tanto de rímel que sempre usava, em como gostava de perfumes e em como tuas mãos eram ásperas de tanto trabalhar.
Imagino o quanto somos diferentes e parecidas, e que minhas referências podem ser distorcidas, pois não tive chance de vê-la como a mulher que sou hoje.
Lembro de ti cantarolando músicas do Roberto Carlos pela casa, e da graça que eu achava disso. Penso que era mais espontânea do que eu, e mais sociável também. E que talvez eu não fosse tão recalcada se tivesse convivido mais contigo.
Lembro também que era mais vaidosa do que eu, que sempre chamava minha atenção para que me cuidasse mais, e que talvez eu estivesse mais ajeitadinha (ou menos baranga) se tu estivesse viva. :P

Enfim,

Eu não teria ido embora, ou tu virias junto comigo?
Eu não teria ido morar junto com o namorado aos 19 anos, ou teria casado na igreja?
Eu não teria cortado os cabelos, ou os teria vermelhos?
Eu não teria parado de escrever, ou nem teria um blog para me entreter?
Eu não teria começado a fumar, ou fumaríamos juntas, nas sacadas, de papo para o ar?
Comeria mais frutas, teria feito arquitetura, ou estaria trabalhando como caixa de supermercado e cheia de filhos para criar?

Sei lá, acho que eu não teria sofrido tanto, mas me consola pensar que jamais seria a pessoa que sou hoje (como se estivesse tão bem assim comigo mesma).

Bem Meisi, eu sei que você tem muitos motivos para se preocupar comigo, mas eu estou bem. Recomeçando a cada dia, com medo de não acabar como você, que foi embora no auge, e deixou aqui pessoas que sentirão a sua falta para sempre.
Te amo muito, e ainda choro por ti. Não sei se existe um Deus, reencarnação, carma, e essas coisas todas. Mas gosto de pensar que esta será uma boa conversa para termos quando nos encontrarmos novamente.

Com amor,
Mitsu

2 comentários:

Anônimo disse...

very clever.

Anônimo disse...

wow, very special, i like it.

15 anos sem ti.

Por esses dias sempre fico enjoada, mais nostálgica do que de costume, não que sinta mais ou menos a tua falta, a saudade já é estável. Já estou na fase em que tento comparar a minha vida à tua e penso no que gostarias de ver em mim.
(imagem daqui)
Hoje faz 15 anos. Como diz o JR, já passei mais tempo sem Mãe do que com Mãe. Mesmo assim, ainda penso e falo em ti todos os dias.
Mesmo só tendo vivido os primeiros 13 anos da minha vida ao teu lado, todos os dias lembro de algo novo, como se houvesse uma gaveta especial de memórias que libera uma pequena lembrança, como uma surpresa, todos os dias, evitando que eu te esqueça (se é que isso poderia ser possível).
Às vezes me pego pensando no que tu gostavas, no tanto de rímel que sempre usava, em como gostava de perfumes e em como tuas mãos eram ásperas de tanto trabalhar.
Imagino o quanto somos diferentes e parecidas, e que minhas referências podem ser distorcidas, pois não tive chance de vê-la como a mulher que sou hoje.
Lembro de ti cantarolando músicas do Roberto Carlos pela casa, e da graça que eu achava disso. Penso que era mais espontânea do que eu, e mais sociável também. E que talvez eu não fosse tão recalcada se tivesse convivido mais contigo.
Lembro também que era mais vaidosa do que eu, que sempre chamava minha atenção para que me cuidasse mais, e que talvez eu estivesse mais ajeitadinha (ou menos baranga) se tu estivesse viva. :P

Enfim,

Eu não teria ido embora, ou tu virias junto comigo?
Eu não teria ido morar junto com o namorado aos 19 anos, ou teria casado na igreja?
Eu não teria cortado os cabelos, ou os teria vermelhos?
Eu não teria parado de escrever, ou nem teria um blog para me entreter?
Eu não teria começado a fumar, ou fumaríamos juntas, nas sacadas, de papo para o ar?
Comeria mais frutas, teria feito arquitetura, ou estaria trabalhando como caixa de supermercado e cheia de filhos para criar?

Sei lá, acho que eu não teria sofrido tanto, mas me consola pensar que jamais seria a pessoa que sou hoje (como se estivesse tão bem assim comigo mesma).

Bem Meisi, eu sei que você tem muitos motivos para se preocupar comigo, mas eu estou bem. Recomeçando a cada dia, com medo de não acabar como você, que foi embora no auge, e deixou aqui pessoas que sentirão a sua falta para sempre.
Te amo muito, e ainda choro por ti. Não sei se existe um Deus, reencarnação, carma, e essas coisas todas. Mas gosto de pensar que esta será uma boa conversa para termos quando nos encontrarmos novamente.

Com amor,
Mitsu