15/04/2005

Inferno astral?

Você pediu
Martha Medeiros,06 de outubro de 2003
O Roberto está pedindo pra ser demitido.
Juliana pediu e levou: tomou um chega-pra-lá do namorado.
Seu time pediu pra levar aquele gol no finalzinho do segundo tempo.
O marido da sua amiga pediu pra ser corneado.
Crianças, vocês estão pedindo pra levar uma surra!
Será mesmo que tudo o que nos acontece foi pedido por nós? Na maioria das vezes, sim. A expressão "você pediu" é a tradução mais perfeita da nossa responsabilidade diante das consequências dos nossos atos.
Obviamente que a gente não pede para ser estuprada só porque está usando uma minissaia, e nem pede pra ser demitido no caso de a empresa ter que cortar custos, e muito menos pedimos pra ter uma doença, mas são raros os casos em que a gente não tem alguma participação no desenlace do nosso destino. Quase sempre, temos, sim.
Não dizem por aí que a infidelidade começa quando o casamento decai? Há mil razões para um casamento se fragilizar, mas não deixa de ser verdade que um dos dois pede para ser substituído, por mais vulgar que essa afirmação pareça. Desinteresse, desleixo, falta de amor próprio, falta de ambição, agressividade, tudo isso é uma maneira de se afastar do outro. Não é preciso bola de cristal para prever o que virá pela frente.
Se um time está desconcentrado, se uma garota está controlando demais a vida do namorado, se as crianças estão quebrando o quarto, se o cara está fazendo corpo mole no serviço, se uma pessoa está tomando um remédio tarja preta por conta própria, se sua amiga está exagerando na quantidade de fofocas que anda espalhando, se seu irmão sai do carro e deixa a chave na ignição, o que esse pessoal está fazendo? Está pedindo.
Da próxima vez que reclamarmos de inferno astral, falta de sorte, perseguição e outras desculpas para justificar as coisas que não estão saindo conforme o previsto, façamos um mea-culpa: tudo bem que a gente não pediu pra nascer, mas, uma vez nascidos, passamos a pedir desde o primeiro segundo de vida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Keep up the good work. thnx!
»

Anônimo disse...

I like it! Good job. Go on.
»

Inferno astral?

Você pediu
Martha Medeiros,06 de outubro de 2003
O Roberto está pedindo pra ser demitido.
Juliana pediu e levou: tomou um chega-pra-lá do namorado.
Seu time pediu pra levar aquele gol no finalzinho do segundo tempo.
O marido da sua amiga pediu pra ser corneado.
Crianças, vocês estão pedindo pra levar uma surra!
Será mesmo que tudo o que nos acontece foi pedido por nós? Na maioria das vezes, sim. A expressão "você pediu" é a tradução mais perfeita da nossa responsabilidade diante das consequências dos nossos atos.
Obviamente que a gente não pede para ser estuprada só porque está usando uma minissaia, e nem pede pra ser demitido no caso de a empresa ter que cortar custos, e muito menos pedimos pra ter uma doença, mas são raros os casos em que a gente não tem alguma participação no desenlace do nosso destino. Quase sempre, temos, sim.
Não dizem por aí que a infidelidade começa quando o casamento decai? Há mil razões para um casamento se fragilizar, mas não deixa de ser verdade que um dos dois pede para ser substituído, por mais vulgar que essa afirmação pareça. Desinteresse, desleixo, falta de amor próprio, falta de ambição, agressividade, tudo isso é uma maneira de se afastar do outro. Não é preciso bola de cristal para prever o que virá pela frente.
Se um time está desconcentrado, se uma garota está controlando demais a vida do namorado, se as crianças estão quebrando o quarto, se o cara está fazendo corpo mole no serviço, se uma pessoa está tomando um remédio tarja preta por conta própria, se sua amiga está exagerando na quantidade de fofocas que anda espalhando, se seu irmão sai do carro e deixa a chave na ignição, o que esse pessoal está fazendo? Está pedindo.
Da próxima vez que reclamarmos de inferno astral, falta de sorte, perseguição e outras desculpas para justificar as coisas que não estão saindo conforme o previsto, façamos um mea-culpa: tudo bem que a gente não pediu pra nascer, mas, uma vez nascidos, passamos a pedir desde o primeiro segundo de vida.